O problema da fraca rede de telecomunicações é ainda uma realidade em muitas regiões do país, como é o caso de muitas localidades do Alentejo, especialmente nas zonas do interior. Preocupada com a situação, a DECO dinamizou esta terça-feira uma ação itinerante em Montemor-o-Novo, numa das áreas mais afetadas por este problema, nomeadamente o Bairro de São Domingos e a Quinta da Nora.
Esta iniciativa, promovida pela DECO em articulação com a Associação de Moradores dos Bairros de São Domingos e Quinta da Nora, a União de Freguesias de Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do Bispo e Silveiras e o Município de Montemor-o-Novo, teve como objetivo recolher o testemunho de alguns consumidores lesados com este problema, para, posteriormente, reportar a situação à entidade fiscalizadora competente – ANACOM.
Marco Nunes, representante da Associação de Moradores dos Bairros de São Domingos e Quinta da Nora, reportou-nos as suas preocupações, referiu que “Desde que o bairro cresceu substancialmente, estamos a falar ali de uma zona com cerca de 500 habitantes uma das zonas mais populosas aqui Montemor-o-Novo. Temos tido muitas dificuldades ao nível das telecomunicações principalmente aquelas relacionadas com a MEO, ou seja é praticamente impossível fazer chamadas ou receber chamadas telefónicas em casa por um telemóvel normal”.
“As pessoas têm que utilizar o Whatsapp aquelas que o sabem utilizar mas por exemplo pessoas com mais idade não sabem utilizar o Whatsapp, muitas vezes com muita dificuldade lá sabem utilizar o telemóvel, aqueles mais antigos mas têm sempre muita dificuldade […] “As pessoas para conseguirem fazer algum tipo de chamadas telefónicas têm de ir para a rua ou varandas para tentarem fazer uma chamada ou receber uma chamada telefónica”, sublinhou.
“Por vezes situações complicadas, pessoas que têm dependentes a cargo ou são elas pendentes de outras pessoas e a falta do acesso às comunicações leva muitas vezes que aconteça alguma desgraça o que já aconteceu infelizmente com algumas pessoas, não conseguiam contactar com os filhos ou os filhos não conseguiam contactar com os pais e quando chegavam aos sítios já era tarde”, rematou.
Antes do início desta ação itinerante, Helena Guerra, responsável pelo gabinete de projetos e inovação da DECO, adiantou à RNA, o objetivo da referida ação em Montemor-o-Novo.
“Como é do conhecimento geral somos a uma associação de defesa do consumidor, temos inclusive um protocolo que nos liga à União das Freguesias de Nossa Senhora da Vila Nossa, Senhora do Bispo e Silveiras de Montemor-o-Novo, portanto não faria sentido nenhum não abraçamos esta iniciativa, por desafio da Associação de Moradores e ir no fundo ao encontro das pessoas lesadas no âmbito desta situação”.
“Prevê-se que o 5G venha para ficar a nível nacional e também queremos que os alentejanos possam usufruir da rede de telecomunicações em condições, para que deixe de haver este tipo de circunstâncias que criam um impacto muito negativo na vida dos consumidores”.
“Neste sentido nós vamos fazer uma ação Itinerante pelo bairros que são mais afetados por esta problemática e por um lado para auscultar os moradores que aqui residem e para que eles possam partilhar connosco os constrangimentos associados a esta circunstância”, referiu Helena Guerra.
“A Deco tem obviamente o objetivo de levar esta reivindicação mais longe em conjunto com a Associação de Moradores, com união das freguesias e com o município denunciando a situação à entidade competente ANACOM, para que esta situação se altere o mais rapidamente possível”.
Olímpio Galvão, presidente da Câmara Municipal também ouvido pela DECO e pela RNA, mostrou-se preocupado com este problema que está a afetar as comunicações no concelho e referiu que “A preocupação é grande, porque hoje em dia toda a gente comunica entre si e comunica permanentemente, hoje em dia estamos sempre ligados o que é mau às vezes, mas o que trás grandes ganhos de eficiência profissional e até de ligação a próprios familiares, no que diz respeito ao acompanhamento de pessoas mais idosas que estão em casa”.
“Este no novo executivo da Câmara Municipal de Montemor, desde que tomou posse e segundo o autarca “mostrou-se preocupado e teve uma relação próxima com a ANACOM, que apresentou um estudo da falta de cobertura de comunicações móveis no conselho Montemor-o-Novo”, sublinhou.
“Foi falado também com os vários operadores no sentido de apostarem no nosso concelho, estamos a ver agora algumas coisas que nos parecem mesmo assim serem poucas, mas estamos a ver algum investimento em antenas de mais que uma operadora. Esperemos que esta pressão da DECO também que é importantíssima tem uma grande visibilidade e juntamente com a Pressão da ANACOM, juntamente com a pressão do município, ter aqui uma melhor qualidade de comunicações móveis”, rematou.
No final desta ação itinerante feita por parte da DECO em Montemor-o-Novo, a jurista da DECO, Sofia Batista deixou-nos a conclusão da referida ação onde referiu que “cada vez mais podemos verificar e esta manhã foi à prova viva disso que o investimento por parte das empresas de telecomunicações na zona do Alentejo é cada vez menos o que dificulta a vida dos consumidores que aqui residem.
Em todo o caso acho que temos que terminar com uma nota positiva, nomeadamente no seguimento das declarações que foram prestadas pelo senhor presidente no sentido de uma resolução a aplicar aqui na zona de Montemor, com a instalação destas antenas por parte da ANACOM, que irá com certeza facilitar a vida dos consumidores.
Apenas deixando também uma nota um pouco mais triste, que esse incentivo não tenha partido por parte da das empresas de telecomunicações mas sim pela parte da entidade reguladora do mercado.
A partir desta ação que fizemos aqui em Montemor-o-Novo iremos então procurar junto ANACOM quais os prazos para a instalação precisamente destas antenas, iremos reforçar neste caso a denúncia já feita pela Associação de Moradores e também tentarmos de alguma forma auxiliar o município numa breve instalação, uma breve resolução para este problema que há tanto tempo que inviabiliza ou que dificulta a vida dos consumidores aqui desta zona”, concluiu a jurista.