A solução para a redução das emissões de CO2 passa pela aposta na ferrovia, segundo o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, presente esta quinta-feira, 26 de janeiro, no primeiro de dois dias da edição deste ano do Energy and Climate Summit, dedicada ao tema da Mobilidade e do Transporte Ferroviário, está a decorrer entre hoje e amanhã, dias 26 e 27 de janeiro, na Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) Alentejo, em Évora.
Destacando a ligação ferroviária Sines – Caia, Frederico Francisco, em declarações à Rádio Nova Antena, garante que este investimento na ferrovia é “uma realidade”, sendo das obras que menos atraso tem. “É uma obra que está a correr bem, que esperamos tê-la concluída, mais ou menos, dentro dos prazos que estavam planeados e, uma vez concluída, reforçará a importância do terminal de Elvas, como terminal de mercadorias, porque vamos reduzir em, praticamente, um terço a distância que um comboio tem de percorrer de Sines até à fronteira, mas também no transporto de passageiros”, garante. Elvas, assegura o secretário de Estado, vai passar a ter uma ligação ferroviária a Évora e Lisboa que será “competitiva com o modo rodoviário”.
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O governante considera ainda que, com os investimentos em curso, quer do lado português, quer do lado espanhol, o potencial turístico de Elvas será “aumentado em muito”, com a cidade “muito mais bem ligada a territórios que vão desde Lisboa até Madrid”. Por outro lado, não tem dúvidas também que o desenvolvimento da plataforma logística de Badajoz em nada prejudicará o desenvolvimento da de Elvas: “o conjunto Elvas – Badajoz será um pólo muito importante de logística rodoferroviária”.
Para atingir a neutralidade carbónica, em 2050, assegura, por sua vez, Ricardo Campos, presidente do Fórum da Energia e Clima, um dos parceiros do projeto Guardiões, já tinha de se ter começado a reduzir 7% das emissões dos gases com efeito de estufa. “Só conseguimos reduzir esta emissão em 7% em 2020, que foi o ano em que a economia parou, devido à pandemia”
No sentido de se tentar inverter a situação, Ricardo Campos garante ser necessário que aconteça “uma ação no dia a dia”. Sendo que 25% das emissões de gases com efeito de estufa são provenientes dos transportes, o tema central desta conferência.
Luís Loures, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), entidade parceira do projeto Guardiões, explica que “as alterações climáticas afetam todos, quer os que contribuem, quer os que não contribuem para a pegada carbónica. No caso do Alentejo, esta é a região que menos contribui para a pegada carbónica mas é das que se vê mais afetada pelas alterações climáticas, com as secas extremas e as cheias”.
Por outro lado, o presidente do IPP destaca o trabalho do projeto Guardiões, essencialmente naquilo que não se vê, que é a criação de consciência. Nós fazemos conferências, com plateias muito interessantes para discutir o tema e sabemos que estas conferências têm um impacto positivo que deve ser louvado. Mas mais que este impacto e estes encontros, é importante destacar aqui o trabalho fundamental que este projeto tem feito junto dos jovens para criar consciência e informação. Nesse sentido, eu costumo dizer que nada melhor que influenciar os pequenos para conseguirmos mudança”.
Para Carlos Pinto de Sá, presidente da câmara de Évora, “realizar aqui este encontro é decisivo. Por um lado, por se poder refletir sobre esta matéria, mas sobretudo para podermos ver quais são os projetos que podem e devem ser colocados no terreno. Nós perdemos décadas no que diz respeito ao transporte ferroviário e agora há necessidade de apostar neste paradigma e fazer investimentos rápidos”.
“A ligação Sines – Évora – Espanha é fundamental, quer para mercadorias quer para passageiros, mas recordo que está dependente de concursos que vão ter que abrir para operadores. No caso de Évora, a linha passa pela estação, precisamente para salvaguardar a questão dos passageiros”.
Questionado sobre as vantagens para portugueses vs espanhóis no que diz respeito a esta ligação ferroviária, Carlos Pinto de Sá considera que “esta linha é essencial para o futuro do país, pelo que não me parece que sejam os espanhóis a beneficiar mais”.
Presente na sessão esteve o vice-presidente da Câmara de Portalegre, António Casa Nova, que afirma que “esta cimeira tem uma grande importância para Portalegre, principalmente porque a cidade está afastada das ligações ferroviárias e, o que há, não corresponde às necessidades das pessoas. Temos uma estação de caminhos-de-ferro longe da cidade, sem investimento e que não consegue estabelecer as ligações, por exemplo, para Lisboa combatendo, por exemplo, os autocarros”.
António Casa Nova gostaria que Portalegre tivesse “novas redes ferroviárias e novos horários, mas estamos a ver que, mais uma vez, estes investimentos nos vão passar ao lado. A ferrovia é essencial para a valorização do interior e gostaríamos de diminuir o fluxo de veículos pesados, quer de mercadorias quer de passageiros, não só pelas questões ambientais, mas também pelas questões de segurança rodoviária”.
José Sádio, presidente da Câmara de Estremoz considera que cimeira tem “uma grande importância para aquilo que é o mundo atual e consequências das alterações climáticas”, recordando os estragos no Alentejo, “fruto das intempéries o que é sinal que há problemas a corrigir, o mundo e ambiente estão em alteração e, nos nossos municípios vamos sentindo os efeitos nefastos das alterações, mas o que importa é fazer um caminho de formar consciências”.
O presidente acrescenta que esta iniciativa é igualmente é importante para Estremoz e perceber “o que podemos fazer em reção ao ordenamento do território, às decisões dos investimentos e conceito que temos para Estremoz, o que podemos considerar, tendo em vista o que aqui foi analisado”.
Já o presidente da Câmara de Vendas Novas, Luís Dias, refere que esta cimeira “vem ao encontro da problemática das alterações climáticas e necessidade de adaptação de comportamentos”, reforçando que “é importante sensibilizar as pessoas para a necessidade de adaptar o comportamento humano, para minimizar essa situação”.
Luís Dias revela ainda que “é impensável continuarmos a exigir um investimento significativo na ferrovia e, em paralelo, na rodovia, temos que tomar decisões que têm impacto no futuro e é de assinalar o investimento que está a ser feito, no distrito de Évora, em matéria de ferrovia”. No caso de Vendas Novas, o autarca destaca o investimento “na eletrificação, modernização da ferrovia”, pelo que este é o momento de “marcar uma transição, portante esta cimeira reveste de toda a pertinência”.
A conferência é organizada pelo Projeto GUARDIÕES – uma parceria entre o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), o Fórum da Energia e Clima (FEC) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) – e decorre no Auditório da CCDR Alentejo.
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