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Festival Terras Sem Sombra este fim de semana em Montemor-o-Novo

No próximo fim de semana, Montemor-o-Novo volta a acolher o Festival Terras sem Sombra, contando com três momentos distintos.

Em conversa com a RNA, José António Falcão, presidente da direção do Festival das Terras Sem Sombra, referiu que “o Festival Terras Sem Sombra, nasceu como projeto cultural da sociedade civil no Alentejo em 2003, é na realidade mais do que um festival uma verdadeira temporada musical do Alentejo, hoje está presente de forma itinerante nos quatro distritos da nossa região e tem uma abrangência territorial bastante vasta, na medida em que ano após ano ele visita praticamente todos os concelhos do Alentejo, são muito poucos aqueles que ainda não tenham recebido este festival, normalmente temos em cada ano a possibilidade de chegar a 25 ou 30 localidades diferentes”.

“O Festival tem uma particularidade, ele visa trazer a grande música clássica, a música Erudita a locais que estão um pouco distantes das principais rotas e itinerários culturais e artísticos do país e mesmo da Europa, no fundo é um serviço público de descentralização da música aproveitando também, para dar a conhecer o que há de mais interessante nos nossos territórios, quer nos urbanos, quer nos rurais, já que este é um festival que habitualmente realiza os seus concertos em monumentos, também noutros locais públicos, curiosamente em equipamentos industriais, naturalmente quando são peças de arquitetura ou peças de património relevantes e também em sítios arqueológicos”, sublinhou.

“O Festival Conta com outros dois pilares um muito vocacionado para o património cultural, seja o património cultural material ou imaterial, e portanto, procuramos revelar também algo que não seja muito conhecido ou mesmo que seja pouco apetecível do ponto de vista patrimonial e temos ainda um terceiro pilar que é aquele que se prende com a salvaguarda da biodiversidade e que procura no fundo chamar a atenção para a excelência e para a diversidade do património natural do Alentejo”, rematou.

No que concerne ao momento dedicado à Música, a noite de 2 de Novembro pelas 21.30 horas tem como palco um monumento de referência da arquitectura alentejana. A vasta igreja do convento de São Domingos apresenta-se revestida por um notável conjunto de azulejaria de padrão do século XVII, apresentando oito capelas laterais. Este monumento, recuperado pelo Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo, proprietário do convento, acolhe o concerto “Coplas Errantes: Leste e Oeste na Música Para Guitarra”, entregue à mestria do ensemble espanhol EntreQuatre, nas quatro guitarras de Seila González, Manuel Paz, Jesús Prieto e Carmen Cuello. Acordes que não ficam órfãos de uma das grandes vozes do país vizinho. María Berasarte, natural de San Sebastián, descrita como a “voz nua”, por se despojar de artifícios e adornos, enceta no serão montemorense um caminho musical entre Espanha e Portugal. Um elenco em palco que se completa com a flautista espanhola Mapi Hernández e que percorre peças musicais de excepcionais compositores do século XX e XXI, entre eles o cubano Flores Chaviano, também maestro e exímio intérprete de guitarra, José Peixoto, português, guitarrista de formação clássica, e Alberto Hemsi, nascido na Turquia, compositor da era clássica do século XX.

A tarde do Sábado, 2 de Novembro às 15.00 horas, convida a alongar o olhar para além da sede de concelho e a enveredar por caminhos patrimoniais, numa iniciativa sob o título “Nas Elevações e Plainos de Montemor: a Freguesia de São Cristóvão”.

Com ponto de encontro na Junta de Freguesia de São Cristóvão, a actividade guiada por Manuela Mendonça (natural da localidade, professora da Universidade de Lisboa e presidente da Academia Portuguesa da História)​, convida a uma viagem no tempo, às origens desta freguesia, ainda na Idade Média, quando nasceu como uma pequena povoação rural. A aldeia, fiel à sua identidade, rodeada de montados de sobro e olivais, casario alvo, debruado a barras coloridas, preserva com assinalável esmero a igreja paroquial, onde pontifica a imagem do santo padroeiro. Sobressaem aqui a simplicidade e beleza da arquitectura religiosa alentejana, complemento da arte tradicional que marca outros edifícios da terra, de marcado carácter vernáculo.

Uma freguesia que sobressai no contexto do património do megalitismo norte-alentejano, com o importante Conjunto Megalítico do Tojal (cromeleque com 17 menires de granito, um grande menir in situ, um conjunto de sete sepulturas megalíticas e um povoado do calcolítico). Também a realçar, as pontes e as fontes do lugar, sem que lhe falte um vasto património natural. José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, é outra referência da freguesia, pois escreveu aqui alguns capítulos do famoso romance Levantados do Chão.

A manhã de 3 de Novembro, Domingo (9h30), reserva uma acção de Salvaguarda da Biodiversidade, num contexto singular, ao território entremuros de uma fortificação. Sob o tema “​De Território Urbano a Zona Agricultada e Espaço de Lazer: O Castelo de Montemor-o-Novo”, e com ponto de encontro no Castelo, a ​actividade guiada por António Mira (professor catedrático da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora) leva os participantes a adentrarem num edificado com posição dominante sobre o outeiro mais alto da região.

O castelo de Montemor-o-Novo, estrutura que abrange as muralhas e os imóveis que se encontram dentro delas, classificado como monumento nacional desde 1951, tem origens que remontam à ocupação romana e foi reforçado durante a época islâmica. Antigo bastião militar, viria a perder relevância no século XVI.

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