Entre os dias 14 e 16 de novembro, o Cineclube & Filmoteca de Montemor-o-Novo realizou o arca’24, evento transdisciplinar de cinema que, nesta edição, trouxe até ao Cineteatro Curvo Semedo bom cinema alentejano.
Após a estreia nacional de ‘O Poço’ (realizado por Francisco Campos, em parceria com o Projecto Ruínas), na primeira noite, sexta-feira assistimos a ‘Chico Baião, Serpente de Fogo’. Este documentário de Diogo Tomás e Filipe Carvalho, produzido pelo Coletivo Barafunda transporta-nos até aos anos 90 e incide sobre a vida de Chico Baião – artista alentejano, que viveu entre 1951 e 2000. O artista deixou uma grande marca a nível musical na década de 90, sobretudo no Alentejo, com a companhia da sua banda, Os Ortigões.
A exibição contou com a presença dos realizadores, assim como de um dos membros d’Os Ortigões, o saxofonista Mark Cain, o que permitiu uma boa conversa antes e depois da visualização do documentário. Este, caracteriza-se como uma bonita e bem conseguida homenagem a esta figura da música portuguesa, natural de Vila Nova da Baronia, freguesia do concelho de Alvito, no distrito de Beja, de onde também são os membros do Coletivo Barafunda.
A arca’24 só foi encerrada na noite de sábado, com a exibição de ‘Os Papéis do Inglês’, filme de Sérgio Graciano, que se destaca pelo enorme mérito de recordar e recuperar a obra de Ruy Duarte Carvalho, um grande escritor de língua portuguesa arredado das livrarias e com obras esgotadas há anos. A obra ‘Os Papéis do Inglês’ surge-nos sob o formato de ficção autobiográfica e apresenta-se como um ensaio sobre a identidade angolana e, simultaneamente, sobre as identidades dos que, após a independência de Angola, optaram por ficar no país, ou, alternativamente, partir.