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“IA ou a Memória Futura…” pela Trimagisto dias 27 e 28 de novembro em Montemor-o-Novo

Nos dias 27 e 28 de novembro, a Trimagisto apresenta no Cine-Teatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo, “IA ou a Memória Futura…”, um espetáculo singular que propõe um teatro sem atores humanos, sem presença física em cena, onde a dramaturgia é inteiramente construída através de hologramas, vozes sintéticas e presenças digitais. Nuno Coelho, encenador e criador, referiu à RNA, que este é “um espetáculo de teatro que não tem corpos humanos, sem atores. É essa a provocação deste espetáculo. É essa a minha ideia quando o imaginei criar. Se a Inteligência Artificial hoje é uma realidade, se ela nos substitui em tantas coisas, será que nos pode substituir na arte? Foi o ponto de partida para criar este espetáculo. Essa é a minha reflexão, o meu objetivo”.

“Neste espetáculo quero partilhar a ideia de que não vale a pena fugirmos da inteligência artificial. Ela já é parte da nossa realidade; está presente no que fazemos, no que criamos e no modo como vivemos. Em vez de a temermos ou evitarmos, talvez seja mais produtivo aprendermos a integrá-la — a colocá-la ao serviço da nossa imaginação, da nossa prática e do nosso pensamento. A inteligência artificial fascina-me profundamente como ferramenta criativa. Neste trabalho foi uma grande aliada, abriu caminhos e permitiu-me explorar possibilidades que, de outra forma, talvez não fossem acessíveis. Mas, ao mesmo tempo, ela também me assusta. Há zonas que não controlo, questões que ultrapassam a nossa compreensão imediata enquanto humanos. E é nesse espaço entre o fascínio e o receio que nasce este espetáculo”, acrescentou.

“Não diria que o espetáculo tem uma “mensagem”, mas sim uma proposta de reflexão. A forma que escolhi foi a de uma conferência de inteligências artificiais para inteligências artificiais. São elas que tomam a palavra. São elas que revisitam a própria história: como surgiram, como foram criadas, que desejos humanos lhes deram origem. Ao longo da conferência, essas IA’s discutem-nos a nós — os seus criadores — e investigam o nosso antigo sonho de gerar outra inteligência, outro tipo de ser. Esse impulso acompanha-nos há séculos; não é novo, não pertence apenas à era digital. Já na Grécia Antiga se imaginavam seres artificiais, criaturas capazes de pensar e agir. O espetáculo percorre esse fio histórico e simbólico, desde as primeiras inquietações humanas até às tecnologias que hoje nos acompanham diariamente”, sublinhou.

“Durante o processo de criação deste espetáculo, percebemos que o teatro, para além de ser um espaço artístico, é também um lugar privilegiado para refletirmos sobre as questões que nos inquietam enquanto sociedade. E, neste momento, a inteligência artificial é uma dessas inquietações centrais. Por isso, surgiu a pergunta: por que razão havemos de refletir apenas nós, artistas e criadores envolvidos no espetáculo? Porque não alargar este diálogo à comunidade? Foi assim que nasceu a ideia de organizar uma conferência paralela, aberta a académicos, profissionais de diferentes áreas e ao público em geral, para pensar a inteligência artificial nos seus vários impactos — na educação, no empreendedorismo, na arte e na vida quotidiana. No dia 27, iniciamos a conferência às 9h30. A manhã será dedicada ao universo empresarial, com destaque para os financiamentos e ferramentas disponíveis para a implementação de IA nos processos de trabalho. Encerramos esta primeira parte com a participação de professores do IGPT e da Universidade de Évora, que abordarão temas essenciais como a ética e as relações entre IA, educação e cidadania. Durante a tarde, voltamos o olhar para a arte. Convidámos artistas que já trabalharam com inteligência artificial para partilharem as suas experiências: de que forma a tecnologia os ajudou, quais os desafios, que possibilidades futuras se abrem. No final, reunimos os agentes culturais de Montemor — as Oficinas do Convento, o Espaço do Tempo, o Projeto Ruínas — para um debate informal sobre o que a IA representa para nós, artistas: os medos, os potenciais, as dúvidas e as oportunidades”, rematou Nuno Coelho.

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