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Os Estados Unidos (USA) lançaram uma nova ameaça tarifária sobre a União Europeia, a maior da história até agora por causa de seu valor económico e extensão financeira, com impactos imprevisíveis na economia. A medida, impulsionada por Donald Trump, procura penalizar todas as exportações europeias que tem como destino o mercado dos USA, numa estratégia sem precedentes para a economia europeia. A União Europeia pretende impor tarifas como punição pelo imposto sobre o valor acrescentado (IVA), que se aplica a todos os produtos.
Em 2022, Portugal exportou aproximadamente 5,66 mil milhões de dólares para os Estados Unidos, com os principais produtos exportados a incluir petróleo refinado, sobretudo gasolina (1,15 mil milhões de dólares), medicamentos a granel, produtos cujas patentes expiraram (432 milhões de dólares) e pneus de borracha (361 milhões de dólares). Estas exportações registaram um crescimento anual médio de 10,9% desde 2017, quando o valor era de 3,38 mil milhões de dólares.
No primeiro semestre de 2024, as exportações portuguesas de bens para os USA totalizaram 2.761 milhões de euros, representando um aumento de 11,4% em relação ao mesmo período de 2023. Destes, os produtos farmacêuticos destacaram-se, atingindo 605 milhões de euros, um crescimento de 21% face ao ano anterior, representando 21,9% do total das exportações para os EUA.
Além dos produtos farmacêuticos, outros bens significativos exportados para os USA incluem borrachas (193 milhões de euros), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (164,4 milhões de euros) e reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (107 milhões de euros). Por outro lado, as exportações de cortiça diminuíram 6,6%, situando-se em 98,5 milhões de euros.
É importante notar que os Estados Unidos são um mercado significativo para as exportações portuguesas, especialmente fora da União Europeia. No entanto, o comércio bilateral pode ser influenciado por políticas comerciais e tarifárias, como as recentemente anunciadas pelo governo dos USA que podem afetar setores como o automóvel e o alimentar na Europa, pois o plano da Casa Branca é que as tarifas sejam aprovadas a 1 de abril, deixando à União Europeia menos de dois meses para negociar e evitar a aplicação dessas tarifas. A velocidade com que o governo Trump está a legislar, aumenta a pressão para as instituições europeias, que terão que reagir com agilidade para tentar conter esse golpe comercial.
A Administração Trump ameaça a União Europeia que compra cerca de 344.000 milhões de euros nos USA. Uma penalidade para esses produtos faria economia americana vender menos, isto é, também faria que os USA crescem-se menos e aumentar os custos para os americanos.
Os USA argumentam que o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), em vigor nos países europeus, é injusto porque nos USA não há imposto equivalente. De acordo com Trump, esse imposto cria uma desvantagem para as empresas americanas, por isso visa aplicar tarifas aos países que o usam.
No nível político, Trump defende que todos os países devem seguir o modelo fiscal americano, no caso que seja replicado na Europa, onde há um estado de bem-estar social, saúde, pensões que não tem paralelo no modelo americano.