Na passada sexta-feira, dia 8 de Abril, realizou-se o Dia de Campo da Raça Salers, um evento realizado pela APORMOR em parceria com a Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos Salers. No evento estiveram presentes 80 pessoas, desde criadores desta raça, a entidades oficiais, a técnicos do setor.
Joaquim Capoulas proprietário da herdade onde decorreu o evento e presidente da APORMOR considera que esta associação é “uma confederação de todas as raças e de todas as espécies do sistema extensivo, do nosso território”. Quanto a esta raça, o engenheiro adianta que esta é “uma evolução da raça alentejana, das raças vermelhas da Península Ibérica”, adiantando que “antes do 25 de abril, de 1974, fizemos um levantamento e 70% das vacas que havia, nos concelhos de Montemor e Évora, e eram Salers”, uma raça de trabalho, que “quando veio a mecanização agrícola passaram a ser obsoletas, como animais de trabalho e rapidamente se transformaram em carne”.
Neste evento esteve presente Olímpio Galvão, presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo que explica que esta “é uma das raças que combina mais vantagens para criação”, neste concelho. O autarca revela ainda a “importância que tem o setor agropecuário, de Montemor”, até porque este é “o concelho do país com maior encabeçamento de gado bovino”, afirmando a necessidade que existe em “afirmá-lo com alguma urgência, como a capital nocional da pecuária extensiva”.
Para José Godinho Calado, diretor regional de agricultura do Alentejo adianta que esta á uma “raça que está bem adaptada a esta região”, que segundo este “é uma boa região em termos de pastorícia, tem aqui de facto o conforto do próprio Montado, porque lhe dá o bem estar animal”, algo importante de manter.
Um dos fatores que é pouco falado, o stress térmico, trouxe “ventos muito fortes, que ocorreram no fim de Janeiro e Fevereiro que dissecaram bastante a superfície do solo e as plantas”, provocando stress às plantas e aos animais. O diretor regional de agricultura do Alentejo explica que a rusticidade desta espécie é fundamental para equilibrar os ecossistemas e manter o bem estar animal.
Por este motivo, este sistema “silvopastoril, está muito bem enquadrado, com esta raça”, adianta José Godinho Calado, acrescentando que esta é uma raça que “tira partido da sua adaptação e naquilo a que chamamos o ganho médio diário”, ou seja, a quantidade de gramas que “consegue formar por mês, de forma a que a tal sustentabilidade económica exista”, beneficiando-se socialmente, porque há criação de riqueza e, ambientalmente há cooperação entre o gado e o Montado, equilibrando a biomassa produzida no espaço.
No que toca à zona de produção montemorense esta é “por excelência de produção pecuária sustentável”, assumindo o diretor regional de agricultura do Alentejo, que o concelho poderia ser nomeado como “capital da produção pecuária sustentável”.
O Dia de Campo da Raça Salers teve inicio nas instalações da APORMOR, onde foi feita uma apresentação pelo engenheiro Joaquim Capoulas. De seguida foi feita uma visita à exploração Herdade da Filhardeira.