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Homilia do Arcebispo de Évora na Abertura do Ano Jubilar 2025

Concretizando o estabelecido na Bula de Proclamação do Jubileu do Ano de 2025, intitulada “A Esperança não engana” (Rm 5,5), o Papa Francisco abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro no passado dia 24 de dezembro. Hoje, Festa da Sagrada Família, unidos a todas as Dioceses do Mundo, damos início ao ano Santo na nossa Arquidiocese.

Se o Primeiro Ano Santo foi proclamado por insistentes pedidos da Piedade Popular, através do Papa Bonifácio VIII em 1300, a prática da abertura da Porta Santa, iniciou-se há cerca de 600 anos, em 1423, por iniciativa do Papa Martinho V. Eis-nos na peugada da História da Igreja: também hoje necessitamos de ouvir e experimentar a certeza de que a Esperança não engana.

Conforme a Bula de Proclamação deste Jubileu, «A Esperança é também a mensagem central» deste Ano Santo, «que segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos».

O Papa Francisco pensa em todos os Peregrinos de Esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo, e em quantos, não podendo ir à cidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas Particulares. O Papa reza para que «possa ser para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus», «porta» de salvação, como proclama o Evangelista (Jo 10, 7.9). É a Ele, Jesus Cristo, e com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como único Senhor e «nossa Esperança» (1 Tim 1,1).

 Numa entrevista a uma emissora da Arquidiocese de Buenos Aires(TV canal Orbe 21), o Papa Francisco expressou que o «Jubileu é um Tempo de Renovação Total, de perdão. Às vezes tenho medo de que o Jubileu se assemelhe a um turismo religioso. O Jubileu, para vivê-lo bem e, de alguma forma consertar um pouco as histórias pessoais neste aspeto, é um momento de perdão, um momento de alegria, um momento de recomposição de tantas coisas, pessoais e sociais».

É genuinamente compreensível a preocupação do coração do Papa em que o Jubileu não se reduza apenas à incentivação do Turismo Religioso, que motivado “pela Fé e pela devoção, envolve a participação em eventos religiosos ou a visita a locais sagrados, onde o participante busca uma “conexão” com o religioso e com o sagrado, como agregação cultural, de lazer, entretenimento, curiosidade, atividades externas. Sendo legítimo e saudável este tipo de Turismo Religioso, o Ano Santo, pede-nos, porém, a valorização exclusiva da Peregrinação Religiosa, que visa atingir o objetivo do Jubileu de Esperança que é a interioridade da indulgência jubilar.

Segundo o texto da Penitenciaria Apostólica que estabelece as prescrições para que os fiéis possam usufruir das “disposições necessárias para obter e tornar efetiva a prática da Indulgência Plenária”, pede-se «a dedicação de um tempo adequado à adoração eucarística e à meditação, à oração meditada do Pai Nosso, à recitação consciente da Profissão de Fé ou Credo e à invocação da intercessão da Virgem Maria». Além destas práticas piedosas, o primeiro ponto do referido texto, cita como convenientes, a participação na Santa Missa, ou na Celebração da Palavra de Deus, na Liturgia das Horas, na Via Sacra, no Rosário Mariano, no Hino Akathistos (cantado de pé), ou ainda numa celebração Penitencial.

O Ano Santo é um Tempo de Indulgência, que significa a remoção da pena temporal pelos pecados perdoados na confissão, bem como Kairós, ou seja, Tempo da Graça de Deus, envolvente em Clemência, Misericórdia, Compaixão, Compreensão, Bondade, Benevolência, Benignidade, Doçura e Piedade. O Ano Santo é para nós escola, lareira, candelabro de reconciliação pessoal, interpessoal, social, nacional e internacional.

O optimismo humano, enquanto atitude de alma e disposição psicológica, é algo que se pode cair no equívoco ou engano e gorar-se sem concretização, levando muitas vezes à frustração, à desistência e desencanto. A Esperança, enquanto Virtude Teologal, assenta na Fé, na Palavra de Deus Fiel, que garante “Ainda que meu pai e minha mãe me abandonassem, o Senhor cuidará de mim” (Sal 27, 10), “Estarei convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28,20). Por isso, Paulo nos garante que a Esperança não engana.

 «Além de beber a Esperança na Graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos Sinais dos Tempos, como nos recorda o Concílio Vaticano II (GS 4; AG 10). Com o Papa Francisco rezamos e comprometemo-nos:

– «Que o primeiro sinal de esperança, se traduza em Paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra».

– Olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida carregada de entusiasmo, para a transmitir». Devido a esta falta de entusiasmo, assiste-se em vários países a uma queda de Natalidade e ao dramático envelhecimento populacional.

– Que a Esperança para os presidiários pede condições de educação, recuperação e reinserção. Que os Estabelecimentos prisionais, não sejam espaços de trocas de experiências e processos de sucesso no crime, tempo perdido, frustrante e revoltante, mas hipóteses de recuperação de dignidade e humanização. O Papa Francisco propõe mesmo a possibilidade de Amnistia em casos credíveis de recuperação cívica e social.

– Que Sinais de Esperança cheguem aos doentes e profissionais de saúde, na promoção das qualidades exigidas aos espaços e serviços hospitalares. Igual esperança deve ser dada aos cidadãos com deficiências e debilidades. Também os idosos, devem contar com sinais de Esperança e valorização até ao fim natural das suas vidas.

– Que a Esperança seja devolvida às gerações de adolescentes e jovens, de namorados e principiantes profissionais. Que nunca sintam a desvalorização, nem a necessidade de deixar a sua terra para se poderem realizar, mas experimentem o apreço de toda a sociedade e da Igreja.

– Sentimos necessidade de levar a Esperança aos mais Pobres do

Planeta, unindo-nos ao Papa, quando refere: «Renovo o apelo para que com o dinheiro usado em armas e outras despesas militares, constituamos um fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres, a fim de que os seus habitantes não recorram a situações violentas ou enganadoras, nem precisem de abandonar os seus países à procura de uma vida mais digna.

Outro convite premente que desejo fazer, tendo em vista o Ano Jubilar, destina-se às nações mais ricas, para que reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las» (N 16)

– O Sucessor de Pedro, lembra-nos ainda que “A Esperança encontra na Mãe de Deus a sua testemunha mais elevada. Neste Ano Jubilar, que os Santuários sejam lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados de esperança” ( N 24).

Assim, concretizamos na nossa Arquidiocese, como lugares de Esperança os principais Santuários Marianos, com alguma envolvência Regional ou Nacional:

– Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa

– Nossa Senhora de Aires, em Viana do Alentejo

– Nossa Senhora da Boa Nova, em Terena – Alandroal

– Nossa Senhora do Castelo, em Coruche

– Nossa Senhora da Visitação, em Montemor-o-Novo

– Nossa Senhora das Brotas, em Brotas – Mora

– Nossa Senhora das Candeias em Mourão

A estes Santuários Marianos juntamos os Santuários Cristológicos:

– Senhor Jesus dos Mártires, em Alcácer do Sal

– Senhor Jesus da Piedade, em Elvas

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