O processo de candidatura de Vila Viçosa a Património Mundial pela UNESCO foi entregue ontem, 15 de janeiro, na Comissão Nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em Lisboa.
Depois da candidatura entregue em 2021 ter sido reprovada, o presidente da Câmara de Vila Viçosa, Inácio Esperança, revela que foi necessário “mudar de estratégia”, sendo esta nova versão é apresentada, não só pelo Município, mas também pela Fundação da Casa de Bragança. “Esperemos que, com o envolvimento que teve a população, as instituições, e com a renovação que foi feita, ao nível quer dos textos, quer do plano de gestão, que é completamente novo, possamos ter aceitação e possamos ver a candidatura aprovada em Paris”, começa por dizer o autarca.
Ao longo de dois anos, foi levado a cabo um trabalho por uma equipa liderada pelo arquiteto Nuno Lopes, com o apoio da Fundação da Casa de Bragança que “acompanhou, desde o início, a formação desta nova candidatura”.
A candidatura, que tem como título “Vila Viçosa: Sede Ducal”, tem como principais elementos-chave a “vivência da Casa Ducal da Corte Brigantina em Vila Viçosa, nos anos 600 e 700, e a influência que teve, a nível nacional e mundial, a ação desta família, que culminou na Quarta Dinastia de Portugal”.
O autarca revela ainda que, em dezembro deste ano, será tomada a decisão final sobre o envio ou não do processo para o comité internacional da UNESCO, em Paris, sendo que, até lá há, ainda várias etapas pela frente. “Até fevereiro, vamos receber uma informação e teremos de fazer correções, se houver correções a fazer, até abril. Em abril, seremos notificados da decisão da comissão portuguesa. Seguirá para Paris, para uma primeira avaliação, que é preliminar, em setembro. Será devolvida ao comité português e nós teremos acesso a essa revisão, feita por Paris, e a entrega definitiva será em dezembro de 2024 e em janeiro de 2025 segue para avaliação e posterior votação”, explica Inácio Esperança.
Quando questionado sobre o que Vila Viçosa pode vir a ganhar com esta classificação, o autarca coloca a pergunta, precisamente, ao contrário, questionando-se sobre aquilo que “o mundo perde” se aquela localidade não for classificada. “A importância deste bem e daquilo que ele representa é tanto mais importante para o mundo do que para Vila Viçosa, embora seja importante para quem vive, porque esta candidatura, e com o património que tem e envolve, representa para os proprietários, para os munícipes, para a Câmara, para as instituições e para a fundação, muito trabalho e muito investimento na preservação do bem e na passagem deste legado às gerações futuras”, garante.
Com a classificação, Inácio Esperança espera que Vila Viçosa possa receber mais visitantes, que “possam dinamizar economicamente a vila e o concelho”.
De recordar que o processo de candidatura de Vila Viçosa a Património Mundial começou a ser preparado há 23 anos, no decorrer de 2001.
No momento da entrega do dossier de candidatura, no Palácio das Necessidades, a sede da UNESCO em Portugal, Inácio Esperança foi acompanhado pelo vice-presidente da Câmara de Vila Viçosa, Tiago Salgueiro.