José Eduardo Gonçalves: “é com muito orgulho” que vê rendimento na agricultura subir 11% em 2021

O rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal, e segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), deverá aumentar 11,1% em 2021, face a 2020.

Este aumento, segundo o Instituto, é impulsionado pelos acréscimos do Valor Acrescentado Bruto (VAB), que tal como explica José Eduardo Gonçalves, vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, o VAB é “o valor bruto de vendas, ou seja, a agricultura em si aumentou o seu volume de faturação, teve um volume de vendas significativo e maior, ou seja, aumentou o seu PIB, e está relacionado com o valor de faturação de todos os produtos agrícolas, pecuários e silvícolas, porque temos produzido mais e os preços têm subido, e os fatores de produção também subiram uma loucura”, revela.

Sobre o aumento de 11% do rendimento gerado pela atividade agrícola no nosso país, José Eduardo Gonçalves refere são vários os fatores, sendo que “o primeiro e mais importante e com muito orgulho, prova que os agricultores, perante uma pandemia que ainda nos assola, melhoraram a sua produtividade, também tendo em conta as tecnologias hoje usadas, de precisão e avançadas, e todos fizeram um esforço no sentido da melhoria da qualidade dos seus fatores de produção e do seu uso, para conseguirem aumentar a produtividade, que se conseguiu através de um aumento de tecnologia que os agricultores têm implementado nos últimos 10/15 anos”, sendo agora “mais sustentável, amiga do ambiente e que procura produzir defendendo o que são as alterações climáticas, sendo este o único setor da economia portuguesa que consegue captar carbono, e tem um saldo positivo na sua balança de emissões e nas captações e de carbono, sendo o único setor que pode continuar a contribuir nesse sentido”.

Segundo o INE, de janeiro a outubro de 2021, as exportações de produtos agrícolas registaram um aumento de 7,6% face ao período homólogo no ano anterior.

Este aumento, apesar de ser num ano de pandemia, era esperado, revela o vice-presidente da Confederação dos Agricultores, e deve-se “ao aumento das vendas das matérias primas, da produtividade e em setores que passaram a produzir mais”, adiantando que as exportações cresceram, principalmente no setor do azeite, das frutas, legumes, e vinho, que tiveram um crescimento bastante grande ao nível das exportações, pelo que os agricultores e cultura portuguesa estão de parabéns”.

“Com muito orgulho conseguimos esses objetivos e se o Governo mais tivesse apoiado a agricultura, teria sido melhor, mas soubemos sobreviver”. A missão para os agricultores é “produzir de uma forma saudável, sustentável e defensora do ambiente, pensando nas alterações climáticas, produzir o mais possível, para que as pessoas tenham a alimentação o mais barato possível”, explica José Eduardo Gonçalves.

De acordo com a informação do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, prevê-se um aumento de 8,5% nos montantes de subsídios pagos em 2021, em resultado de acréscimos nos subsídios aos produtos e nos outros subsídios à produção.

Para José Eduardo Gonçalves, “a agricultura é o único um setor da economia portuguesa que tem vindo a crescer, significativamente, ao longo dos anos e não é graças aos apoios do Estado”. Quanto aos subsídios, garante que não existem, esclarecendo que “os agricultores têm apoios à agricultura que são iguais aos outros países do Mundo, portanto temos esses apoios para que as pessoas que vão ao supermercado comprem os produtos o mais barato possível, porque se não houvesse apoios, os fatores de produção subiam e as matérias primas também, e estão a subir alguma coisa, mas não pelos apoios serem maiores, porque estes são os mesmos”.

“Subsídios á agricultura não há, há apoios aos agricultores para que possam produzir mais barato”, acrescenta.

No que se refere ao volume de mão-de-obra agrícola, segundo o INE, perspetiva-se uma ligeira redução de 0,7%. Nesta matéria, José Eduardo Gonçalves considera este número estranho, uma vez que na agricultura continua a haver muita falta de mão de obra

“Na nossa região e noutras regiões do país a mão de obra faz falta e aquela a que se recorre é do estrangeiro, nem é europeia é do médio oriente, como paquistaneses e indianos, e é este tipo de mão de obra que nos é facultado, acho estranho o INE dizer que decresceu, porque há falta de mão de obra na agricultura”, garante ainda o vice presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal.

Entre os triénios de 2006-2008 e 2018-2020, o rendimento da atividade agrícola registou um crescimento de 45,3% em Portugal, ligeiramente superior à média da União Europeia (+43,3%), sendo o país com o nono crescimento mais elevado.