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Oficina da Criança de Montemor-o-Novo comemora 45 anos com uma exposição

A Oficina da Criança de Montemor-o-Novo em parceria com o projeto BRINCAR, um projeto de investigação histórica e artística que procura trabalhar sobre – e a partir de – experiências artísticas e sociais ocorridos com – e para – a infância nos anos que rodeiam a Revolução de Abril de 1974 e o final do séc. XX. Disto são exemplo, experiências como a Oficina da Criança de Montemor-o-Novo, e, em Lisboa, A Comuna – Centro Cultural Casa da Criança, o Centro de Arte Infantil do ACARTE da Fundação Calouste Gulbenkian, Oficina da Criança de Benfica, para referir algumas, apenas a sul.

Aliando investigação de arquivo e trabalho artístico, a sua equipa nuclear é composta por artistas plásticos, historiadores, antropólogos, designers, professores, livreiros, pais, filhos, vizinhos… convidados a desenvolver com a equipa propostas específicas a partir daquilo a que é chamado “unidades mínimas do brincar” como o gesto, o som, a rima, o salto, a cambalhota, a linha, a letra, a palma, etc.

Mais do que uma fusão das artes, ou de propostas de entretenimento complexas e elaboradas para um público com determinada faixa etária, procura-se aqui resgatar ideias simples de brincadeira e fugir de uma profissionalização do brincar que escusa os demais de o fazer e separa quem tem crianças de quem não tem. Tem igualmente a ver com questionar o lugar que hoje se deixa para as crianças e seus cuidadores, fechadas em escolas e dispersas por atividades especializadas por faixas etárias – experiência muito distinta da que encontramos nos arquivos, quando empreendemos pesquisa sobre o dia a dia dos artistas no pós-revolução de 1974. E, de facto, o desaparecimento das crianças do espaço público, a separação cada vez mais hiperespecializada em faixas etárias e competências especializadas, e a diminuição da prática de brincadeira livre são muito notórios, o que faz pensar na própria forma de organização da cidade e da vida de hoje no seu conjunto.

Ana Vieira, do Projeto BRINCAR, em declarações à RNA, referiu que “esta exposição surgiu numa parceria do Projeto Brincar com a Oficina da Criança, um serviço do município de Montemor-o-Novo, e a ideia é justamente esta, de fazer uma recolha dos brinquedos criados pelas crianças que frequentaram estes serviços exatamente nos anos a seguir à Revolução do 25 de Abril, em contexto da Educação pela Arte e Educação Informal. O mote desta recolha é a tal celebração dos 45 anos de continuidade e pensamos que os brinquedos são pequenos triunfos, pequenas realizações de cada criança e pensamos que com eles é possível de algum modo contar coletivamente a história do que tem sido o trabalho desta Oficina da Criança. Queremos, por isso, deixar este apelo a que entreguem os brinquedos, que serão apenas emprestados, depois voltarão todos aos seus donos, na Oficina da Criança ou no pavilhão que a Oficina tem na Feira da Luz. A recolha termina justamente no último dia da Feira da Luz”.

 “O grande objetivo é comemorar estes 45 anos, fazê-lo de uma maneira participada, e que mais do que uma exposição com brinquedos feitos por muita gente, ao longo de muitos anos, gente que agora tem idades absolutamente distintas. Há brinquedos de crianças de 5 anos ou 6 anos, até pessoas que hoje já têm 38”, acrescentou.

 “Gostaríamos de fazer um apelo à população porque está em curso uma recolha de brinquedos construídos no âmbito destes 45 anos da Oficina da Criança. Isto para a realização de uma exposição que vai ter lugar por ocasião dos 45 anos da Oficina da Criança, em janeiro do próximo ano”, rematou.

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