Uma nova colónia de abutres-pretos (Aegypius monachus), constituída por dez indivíduos adultos, foi identificada na Herdade do Monte da Ribeira, no concelho da Vidigueira (no Alentejo), no âmbito das ações de monitorização realizadas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Estima-se que esta colónia seja constituída por quatro ou cinco casais reprodutores, embora só tenham sido observados quatro ninhos. A colónia foi identificada em plena época de reprodução, período especialmente sensível para esta espécie, existindo reprodução comprovada em, pelo menos, um dos ninhos, no qual foi possível observar um indivíduo juvenil já emplumado.
A Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo encetou os procedimentos necessários para monitorizar e salvaguardar esta colónia, em colaboração com os proprietários da Herdade do Monte da Ribeira.
O abutre-preto é uma ave necrófaga com o estatuto “Criticamente em Perigo” em Portugal, sendo, igualmente, considerada de interesse comunitário e prioritária no contexto da Diretiva Aves. É a maior ave de rapina da Europa, podendo atingir os três metros de envergadura de asa.
A época de reprodução ocorre entre fevereiro e agosto e cada casal produz um ovo por ano.
Após mais de meio século de declínio demográfico e ausência como nidificante no país, o abutre-preto restabeleceu a condição de nidificante em Portugal em 2010 com várias pequenas colónias, a maioria em áreas protegidas, como o Parque Natural do Tejo Internacional, a Serra da Malcata e o Parque Natural do Douro Internacional. Mais recentemente, em 2019, surgiu uma nova colónia na Herdade da Contenda, em Moura, que conta, atualmente, com 11 casais.
Com esta descoberta passa para cinco o número de colónias conhecidas de abutre-preto no país.
O ICNF tem vindo a apoiar a conservação da população nacional de abutre-preto em Portugal. De 2022 a 2027, o projeto “Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha”, que tem a colaboração do ICNF, conta com o cofinanciamento do instrumento financeiro europeu LIFE, com vista a melhorar e acelerar a recolonização natural em curso da espécie.