Montemor: “Versa-Vice” de Tânia Carvalho esta quinta-feira no PT.23

© RUI PALMA

Tânia Carvalho, no âmbito da Plataforma Portuguesa de Artes Performativas (PT.23), promovida pel’ “O Espaço do Tempo”, apresenta, amanhã, quinta-feira, dia 8 de maio, no cineteatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo, o espetáculo “Versa-Vice”, pelas 18h30.

O espetáculo de dança, segundo revela o diretor artístico do Espaço do Tempo, Pedro Barreiro, estreou muito recentemente em Paris, sendo que em Portugal só foi apresentado em dois locais: no Festival Dias da Dança, no Porto, e na Culturgest, em Lisboa.

“Tânia Carvalho é uma artista portuguesa altamente conceituada da dança contemporânea”, adianta Pedro Barreiro, que promete uma “peça de grupo excelente”.

A programação completa da Plataforma Portuguesa de Artes Performativas para conhecer aqui.

Saiba mais sobre este espetáculo:

Escrever sobre o meu trabalho é como escrever sobre o mais profundo do meu Ser. Por isso digo: “não sou boa com palavras”. Não quando quero nelas mostrar as profundezas do meu coração. Traduzi-lo. Sinto estranheza.

Decidi chamar à peça VERSA-VICE (o vice-versa de vice-versa) porque ao fazer uma peça digo: “a peça é sobre isto e aquilo…”. Mas também poderia ser sobre o seu oposto. O seu espelho. Ou sobre qualquer outra coisa que lá se encontre, por um segundo que seja, enquanto se vê, ouve, dança, relembra… Esse segundo é tão válido como todo o processo de criação. Pode até ter mais força, mais impacto dentro de nós. Um segundo de vislumbre. Um segundo que nos faz mudar de direção, ou que nos provoca outra coisa qualquer, mesmo que não nos apercebamos dela.

Os nossos corações estão conectados. Nós compreendemos por esse meio, humanos e não humanos, através das nossas profundezas. Digo coração, mas podia dizer Vida. A vida dos humanos, dos animais, das plantas, das pedras, da terra, da água… a Vida.

As formas comunicam tantas coisas. Observar um quadrado ou um círculo é tão emocionalmente diferente. A Arte pode ser traduzida em palavras, e pode ser palavras. Mas pode também ser luz, formas, cores, sons, cheiros…. Ou talvez a Arte não seja nada disto, mas sim o que está por detrás disto. Arte é Vida a comunicar através de nós. Através de tudo.

Eu não tenho ideias concretas a cerca do meu trabalho. Nestes tempos em que se tende a explicar o que seja de forma racional, é difícil para mim encontrar uma forma de defender o meu trabalho e de escrever sobre o mesmo. Tento não usar a mente mais do que uso outros sentidos em mim. A mente é só uma pequena parte no jogo. Tento abrir o coração ao desconhecido em mim. Desta forma aproximo-me de tudo o que existe, e acho que assim chego mais perto do meu propósito de ser artista nesta vida.

Existe uma força política na arte com muita importância e que consegue mexer muita coisa. Acredito também que a arte conecte as pessoas com o seu lado espiritual. Se assim for, a parte política fica também mais fácil. Gosto de me centrar nisso.

Sou confusa quando falo, mas bastante clara quando me observo. É por isso que tenho certeza de que vim para esta vida para ser artista, e para ser assim.

Quando era mais nova sentia tristeza por não me conseguir explicar com clareza. Queria ser mais “inteligente” para poder explicar em forma de teoria o que faço. Queria conseguir escrever bons projetos e com eles conseguir bons financiamentos. Com o tempo aceitei que sou assim, e que é assim que é suposto eu ser.

Admiro muito as pessoas que conseguem usar as palavras de forma de uma forma maravilhosa. Que se tornam também os nossos corações. Mas eu não sou isso. E isso é bom. Porque assim eu posso admirar mais essas pessoas. Somos um puzzle. Como uma vez disse:

«We are tiny little pieces of the same puzzle.

We are meant to be different so we can hold on to each other.

This is how we become the same:

holding dear to our differences. »

FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA

60min

12 anos

Coreografia & Direção Artística: Tânia Carvalho

Interpretação: Andriucha, Beatriz Marques Dias, Bruno Senune, Catarina Carvalho, Cláudio Vieira, Filipe Baracho, Luís Guerra, Matthieu Ehrlacher, Nina Botkay

Voz: Tânia Carvalho

Poema: Fernando Pessoa

Iluminação & Direção Técnica: Anatol Waschke

Produção Áudio & Desenho de Som: Juan Mesquita

Música: Tânia Carvalho

Figurinos: Cláudio Vieira e Tânia Carvalho

Mestre Costureira: Rosário Balbi

Direção Executiva: Vítor Alves Brotas

Administração & Financiamentos: Janine Lages

Comunicação & Assessoria de Imprensa: Maria João Bilro

Booking: Colette de Turville

Logística: Leonardo Garibaldi

Produção: Agência 25

Coprodução: Culturgest (Portugal), Estúdio 25 (Portugal), Julidans Amsterdam (Países Baixos), La Briqueterie – CDCN du Val-de-Marne / Biennale du Val-de-Marne (França), Teatro Municipal do Porto – Rivoli e Campo Alegre / DDD – Festival Dias da Dança (Portugal), Théâtre Jacques Carat (França), Theatro Circo (Portugal).

Parcerias: Le Gymnase CDCN Roubaix – Hauts-de-France (França), Teatro Académico de Gil Vicente / Convento de São Francisco / Abril Dança em Coimbra (Portugal), Teatro Viriato (Portugal).

Residências de coprodução: Culturgest (Portugal), Le Gymnase CDCN Roubaix – Hauts-de-France (França), O Espaço do Tempo (Portugal).

Apoios: República Portuguesa – Cultura | DGARTES 2021-22, Câmara Municipal de Lisboa – Polo Cultural Gaivotas | Boavista, Casa-Atelier – Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Forum Dança, Loja das Maquetas.

Agradecimentos: Chá de Agulhas – Susana Oliveira

BIOGRAFIA

Tânia Carvalho (1976) nasceu em Viana do Castelo e vive em Lisboa.

Como coreógrafa, com uma carreira de mais de vinte anos de criação, tem tido presença regular em teatros, festivais e residências artísticas, dentro e fora de Portugal. Fez criações para outras companhias, como o Ballet de l’Opera de Lyon (Xylographie), a Company of Elders, em Londres (I Walk, You Sing), a Companhia Nacional de Bailado (S), a Companhia Paulo Ribeiro (Como é que eu vou fazer isto?), a Companhia de Ballet do Norte (3), a

Dançando com a Diferença (Doesdicon) e o Ballet National de Marseille (one of four periods in time, ellipsis).

Entre os seus projetos musicais destacam-se Madmud, Idiolecto e dubloc barulin.

Em 2018 realizou Um Saco e uma Pedra – peça de dança para ecrã, o seu primeiro filme.

Em 2021 iniciou o projeto Papillons d’éternité, com Matthieu Ehrlacher.

Em 2022, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França, o Théâtre de la Ville dedica um foco no seu trabalho, apresentando vários espetáculos em Paris ao longo do ano.

Recebeu os prémios Programa Jovens Criadores 2000, com Inicialmente Previsto, e Melhor Coreografia, pela Sociedade Portuguesa de Autores, com Icosahedron (2012) e onironauta (2021). Em 2019, foi distinguida com o título de Cidadã de Mérito pela Câmara Municipal de Viana do Castelo.