A USF Planície e a USF Salus foram as contempladas para dar início ao programa de saúde mental perinatal, promovido pelo departamento de psiquiatria e saúde mental (DPSM) do HESE. O Programa teve início dia 1 de março com a realização de formação aos profissionais de saúde sobre esta temática.
Tendo em conta que a gravidez e o pós-parto são fases da vida da mulher em que ocorre maior probabilidade de desenvolvimento de doença mental ao longo da vida, e que a doença mental nesta fase constitui a principal complicação obstétrica não diagnosticada, a equipa do DPSM estipulou como uma das suas prioridades, e áreas específicas de intervenção, este período particularmente importante e sensível da vida familiar e comunitária.
O DPSM iniciou o programa no ano de 2022, sendo que até ao momento já realizou 1477 intervenções, entre rastreios na gravidez e pós-parto, intervenções clínicas individuais e em grupo.
“Acho um programa super importante nesta fase da mulher, pois estamos mais vulneráveis. Um projeto que propõe ajudar a diminuir a doença na vida da mulher. Nós mulheres não devemos ter vergonha de pedir ajuda pois é uma mudança gigante na nossa vida e poderá trazer várias alterações psicológicas”, refere uma das utentes que foi acompanhada pela equipa e que apresenta um balanço positivo da sua experiência.
Teresa Reis, coordenadora do Programa, realça também que “a implementação deste programa é a concretização de uma atuação diferenciada e de excelência no período mais interessante de atuação primária e preventiva em saúde mental. A intervenção na gravidez e pós-parto deveria ser uma prioridade em saúde pública e saúde das populações porque não há saúde sem saúde mental, porque o período perinatal é o único período onde uma intervenção pode significar a quebra de ciclo de doença mental nas famílias – e, portanto, é uma atuação altamente custo-efetiva; porque no período perinatal há neuroplasticidade cerebral que permite um crescimento e verdadeira mudança após a recuperação de doença, porque a intervenção em saúde mental perinatal permite a intervenção simultânea na mãe na criança e porque uma verdadeira mudança social tem de começar priorizando a (re)construção da saúde familiar. Sinto um verdadeiro privilégio pelo HESE ter apoiado, incentivado e permitido a implementação deste projeto pioneiro no SNS.”
O programa de saúde mental perinatal teve um primeiro momento formativo nos dias 1 e 2 de março, pós um período de inscrição que esgotou em 24 horas. Mostraram interesse na formação mais de 80 profissionais e foram selecionados 20 profissionais de saúde para iniciar o programa.