Percursos pedestres em Lisboa e Montemor evocam Saramago

No passado sábado, 30 de abril, o Município de Montemor-o-Novo, em parceria com a Fundação José Saramago e o Museu do Aljube, promoveram o Percurso n.º 1 do Roteiro Literário Levantado do Chão: Levantados deste Chão.

O percurso aborda momentos da obra homónima de José Saramago relacionados com as prisões, as torturas e os assassinatos do regime ditatorial sobre o povo alentejano. Em Lisboa é destacado o personagem João Mau-Tempo e em Montemor-o-Novo destacam-se Germano Vidigal e José Adelino dos Santos.

O percurso pedestre em Lisboa, denominado João Mau-Tempo: Resistência e Liberdade, teve início na Fundação José Saramago, onde os viajantes de Montemor-o-Novo encontraram-se com os viajantes de Lisboa. Aqui foram convidados a conhecer a vida e a obra do autor, guiados por Sérgio Letria, diretor da Fundação.

O restante percurso retomou as memórias das prisões e torturas infligidas a João Mau-Tempo pelo regime do Estado Novo, onde se destaca a visita ao Museu do Aljube, a cargo de Francisco Ruivo, que realizou uma apresentação pormenorizada das várias etapas do Regime e da Cadeia, estabelecendo uma relação direta com João Mau-Tempo, Germano Vidigal e José Adelino dos Santos. O percurso refez ainda os primeiros passos em liberdade do personagem, depois dos seis meses nas prisões de Caxias e Aljube, passando pela Praça do Comércio e Estação do Terreiro do Paço.

O grupo de viajantes seguiu para Montemor, onde teve início o Percurso Pedestre Germano Vidigal e José Adelino dos Santos. No Arquivo Municipal, os viajantes foram recebidos pela coordenadora, Idalete Lebre, que convidou o grupo a conhecer o Arquivo e a visitar o Centro de Arquivo e Documentação da Reforma Agrária.

Os técnicos do Município Nuno Cacilhas e Joana Sofio acompanharam os viajantes pelos restantes pontos do Roteiro. Houve ainda tempo para uma paragem no Cineteatro Curvo Semedo e, na celebração do 11º aniversário do grupo Coral Fora d`Oras, ouviu-se o cante alentejano no roteiro. A terminar o dia, junto ao Monumento a José Adelino dos Santos, Gertrudes Calção partilhou algumas memórias da sua infância, que espelham bem as dificuldades descritas nos vários episódios da obra Levantado do Chão.