PT.23: espetáculo de Lígia Soares dedicado à ginástica esta sexta-feira no Curvo Semedo

© JOSÉ CALDEIRA / TMP

“A Minha Vitória como Ginasta de Alta Competição”, da coreógrafa e dramaturga Lígia Soares, é a proposta de amanhã, sexta-feira, 9 de junho, da programação da 8ª Plataforma Portuguesa de Artes Performativas, promovida pel’ “O Espaço do Tempo”, em Montemor-o-Novo.

“É um espetáculo de teatro com um texto verdadeiramente notável, com uma interpretação magnífica de duas ginastas, da própria Lígia Soares e da Maria Jorge, que é outra das co-criadoras e intérpretes deste espetáculo”, revela o diretor artístico d’ “O Espaço do Tempo”, Pedro Barreiro.

O espetáculo, adianta ainda Pedro Barreiro, é uma “metáfora maravilhosa sobre esforço, arte, superação e com resoluções cénicas muito bem conseguidas”.

Este espetáculo é apresentado amanhã, no cineteatro Curvo Semedo, pelas 18h30. A entrada é gratuita.

A programação completa da Plataforma Portuguesa de Artes Performativas para conhecer aqui.

Saiba mais sobre o espetáculo “A Minha Vitória como Ginasta de Alta Competição”:

Em cena estão duas ginastas que transitam entre aparelhos, ensaiando esquemas e tendo em mente os valores do código de pontuação emitido pela Federação Internacional de Ginástica, até que se distraem. São estes pensamentos divergentes do seu regime competitivo que vamos ver rodar nesta peça, desequilibrando-as da trave mas levando-as de encontro ao mundo. Esta peça surge de um episódio da infância de Lígia Soares que a isentou de ser ginasta. Com esta criação pretende mostrar a necessidade da distração, da dispersão, do descentramento, e ainda a impossibilidade daquelas raparigas serem insensíveis aos outros e ao que se passa à sua volta, mesmo quando pressionadas para o alto rendimento.

Fazermos coisas incríveis, ultrapassarmo-nos, sermos os melhores em alguma coisa, “campeões” como chamam os avôs aos netos rapazes, é ainda olhado como um nobre traço da humanidade. É essa vontade que encontramos nas pessoas traçadas para ganhar que nos serviu de exemplo, levando-nos também a ganhar tantas provas, a desejarmos desafios, a superarmo-nos. O que nunca percebemos é que bem é que isso trouxe ao mundo. Esta é uma peça para ser dita por duas ginastas enquanto treinam para a alta competição, colapsando com a impossibilidade de manter o seu foco face aos dilemas do mundo atual. — Lígia Soares

FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA

80 min

Maiores de 12 anos

Concepção, texto e encenação: Lígia Soares
Interpretação e criação: Lígia Soares, Maria Jorge, Beatriz Lapa, Rita Cerqueira
Música: João Lucas
Cenografia: Henrique Ralheta
Luz: Pedro Guimarães
Sonoplastia: Diogo Martinho
Direcção de Produção: Mariana Dixe
Assistência de encenação e criação: Beatriz Gaspar
Residência de Coprodução: O Espaço do Tempo
Residência: Festival Materiais Diversos
Coprodução: Teatro Municipal do Porto, Centro Cultural de Belém, Teatro Académico Gil Vicente, Festival Materiais Diversos e Theatro Circo de Braga

Apoio: Ginásio Clube Português, Federação de Ginástica de Portugal, Vidalgym

BIOGRAFIA

Lígia Soares (Lisboa, 1978) é uma coreógrafa e dramaturga portuguesa que tem vindo a questionar o espaço cénico como um espaço distanciado.Começou o seu trabalho profissional com a Companhia de Teatro Senssuround em 1997. Em 2001 fundou com Andresa Soares a Máquina Agradável, Associação Cultural que co-dirigiu até 2014. Foi artista residente da Tanzfabrik- Berlin entre 2004 e 2006, foi bolseira da DanceWeb em 2018 (Viena) o seu trabalho tem sido apresentado nacional e internacionalmente estando presente em vários programas de teatro e dança contemporânea. Promoveu vários programas nacionais e internacionais de programação com outros artistas ou em projetos coletivos como o Demimonde. “Celebração”, Culturgest 2012, “Demimonde na Galeria da Boavista”, 2013, “Meio-Mundo Estrada Fora”, Lisboa/Porto/Madrid/Paris, 2014, “Face a Face- Programa Luso-Brasileiro de Artes Performativas”, 2015, Brasília, 2016, Rio de Janeiro. Na temporada 2015/2016 foi membro do laboratório de escrita para teatro do TNDM II em Lisboa para o qual escreveu a peça “Civilização”.

Na sequência de trabalhos como “Romance”, “Teatro Dentro de Nós” ou “Turning Backs” prossegue uma pesquisa em como criar dispositivos cénicos inclusivos da presença do espetador como elemento constituinte da dramaturgia do espetáculo, incorporando ou substituindo o próprio papel de performer. O seu trabalho “O Ato da Primavera” estreou em Outubro de 2017 no TNDM II e inclui uma curadoria em que convida sete dramaturgos portugueses a escreverem peças para um dispositivo constituído por telepontos. As suas peças “Romance” (2015), “Cinderela” (2018) , “Civilização” (2019) e “Memorial” (2020) estão editadas pela Douda Correria. “Cinderela” ganhou o prémio Eurodram 2018.